Quando se fala em avanço tecnológico, é comum que muitas pessoas pensem em tecnologia computacional, enquanto outras pensem em tecnologia entregue pela indústria automobilística. Uma área pouco comentada, pela grande parte da população, é a de materiais. E há vários anos, os pesquisadores e engenheiros dessa área têm possibilitado o avanço de inúmeras outras áreas.
Hoje vamos apresentar alguns materiais “interessantes”. Os dois primeiros são materiais que se regeneram (incrível) e o outro, um metal que tem efeito memória (intrigante) e esses, talvez para a surpresa de várias pessoas, não são materiais recém-descobertos.
Concreto + bactérias
O uso de bactérias específicas (Bacillus pseudofirmus) no concreto, garante duas características singulares para esse concreto, e a sua complexidade pode ser descrita em apenas 4 simples palavras: Bioconcreto que se regenera!
O bioconcreto foi noticiado há alguns anos. Em 2015, pesquisadores holandeses ganharam o “Prêmio melhor inventor europeu”, ao apresentarem esse concreto com potencial revolucionário, já que ele é capaz de fechar suas próprias rachaduras.
O processo de recuperação de fissuras é relativamente rápido e leva cerca de três semanas. Quando uma fissura aparece no concreto, as bactérias são expostas à umidade e passam a consumir lactato de cálcio, que também foi agregado ao concreto; as bactérias convertem o lactato de cálcio em calcário, que é o agente reparador que pode eliminar fissuras de até, pasmem, 8 milímetros de largura.
Metal que se regenera
Um material comum, um experimento controlado e uma observação apurada: ao juntar tudo isso, pesquisadores de duas instituições estadunidenses puderam ver um pedaço de metal se regenerando. Os pesquisadores submeteram um pedaço de platina à estresses mecânicos que geraram fissuras na estrutura cristalina do metal. Após 40 minutos, os cientistas analisaram o metal novamente e observaram que o metal estava se regenerando. Esse efeito havia sido previsto por um dos pesquisadores desse grupo, anos antes; em 2013, esse cientista previu a autocura de nanofissuras em metais.
Ainda não há o conhecimento necessário para mudar o curso da engenharia de materiais, mas os pesquisadores esperam que essa descoberta abra novas linhas de pesquisas que busquem maneiras desse efeito ser reproduzido em outros metais e em condições normais de utilização (a platina estava em temperatura ambiente, mas em condição de vácuo).
Metal com memória
O nome desse material diz muito sobre sua origem. O nome dele é NITINOL (Ni: Níquel | Ti: Titânio | NOL: Naval Ordance Laboratory01). Esse material data da década de 1960 e não foi a primeira liga metálica a apresentar o efeito térmico de memória (como foi dito no começo desse post, não é de hoje que a engenharia de materiais mostra sua consistente capacidade de evolução tecnológica).
O NITINOL tem duas características marcantes que são a superelasticidade e o efeito térmico de memória. Essa liga metálica, em condições específicas de temperatura, apresenta elasticidade até 30 vezes superior a outros metais. Também em condições específicas de temperatura, uma peça feita de NITINOL pode recuperar sua forma original após deformada. Muitos anos se passaram até que o NITINOL tivesse utilização comercial. Stents02 feitos com NITINOL são fabricados em temperaturas próximas à do corpo humano; depois de fabricados, eles podem ser, por exemplo, dobrados para que possam ser inseridos no corpo de um paciente. Ao serem inseridos em uma artéria, eles voltam à sua forma original.
Nota 01: Laboratório de materiais bélicos da marinha dos Estados Unidos da América.
Nota 02: Pequeno “tubo” expansível que é introduzido em uma artéria, com o intuito de aumentar o seu calibre e evitar novos entupimentos.