Acidentes decorrentes de “falhas” em trabalhos executados por prestadores de serviços
Também é extensa a lista de acidentes que tiveram como gatilho a execução inadequada de algum trabalho executado por prestadores de serviços – por vezes mal treinados e orientados sobre as características e peculiaridades da planta onde o trabalho está sendo executado. Como exemplo de acidentes que tiveram forte contribuição desse tipo de falha, pode-se citar a explosão e incêndio da plataforma Piper Alpha (acidente amplamente estudado e comentado), que aconteceu na Escócia em 1988 e a explosão em uma unidade de agroquímicos da Bayer, ocorrida em 2008, nos Estados Unidos.
A ocorrência do acidente na Piper Alpha teve contribuição de um procedimento inadequado de manutenção; a condução do trabalho estava a cargo de um supervisor (terceirizado) que não estava devidamente treinado nos procedimentos de manutenção da plataforma.
O acidente na Bayer teve contibuição de uma série de serviços mal executados (e não finalizados) durante uma parada para adequações na planta produtiva. Os trabalhadores terceirizados deixaram de executar tarefas fundamentais para a segurança da planta e, ao que tudo indica, os procedimentos de pré-partida da planta também não eram adequados.
O acidente na Piper Alpha matou 167 pessoas; o acidente na unidade de West Virginia da Bayer matou 2 pessoas e deixou 8 pessoas feridas.
Gestão de empresas contratadas
A gestão de contratação de serviços para atuação em plantas perigosas precisa começar bem antes de firmar o contrato entre as partes. Pode parecer simples exigir que empresas prestadoras de serviços cumpram todos os requisitos para que sejam contratadas, mas como exigir o cumprimento se o escopo dos trabalhos¹ e os riscos não são claramente descritos? E isso é algo comum de acontecer (não deveria, mas é).
Além de exigir que as empresas terceirizadas atendam aos pré-requisitos para execução de trabalhos em ambientes perigosos, é fundamental que a contratante também mantenha programas de treinamentos adequados para que as contratadas sejam devidamente integradas às instalações onde os serviços serão prestados. Não apresentar aos prestadores de serviços, antes da contratação, todos os riscos envolvidos, todos os requisitos prévios e todos os requisitos para execução dos trabalhos é o primeiro gatilho para desencadear um acidente decorrente de “serviços mal prestados” (ou mal contratados).
Nota 01:
Exemplo recente real (um trabalho simples que se tornou um trabalho de alto risco e complexidade):
- Serviço: comissionamento de novos instrumentos instalados em uma planta química;
- Informações prévias sobre instalações: instrumentos instalados em áreas classificadas;
- Requisito colocado pelo prestador de serviços: planta fora de operação e inerte;
- Informações obtidas no início dos trabalhos: solventes em todos os vasos e linhas da planta.
Outras pílulas sobre esse assunto:
- PL05-5060-01: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Introdução;
- PL05-5060-02: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Abordagens na prevenção de acidentes;
- PL05-5060-03: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Cultura de segurança de processo e cumprimento de normas;
- PL05-5060-04: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Competências em segurança de processo e gestão de conhecimento do processo;
- PL05-5060-05: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Identificação de perigos e análises de riscos;
- PL05-5060-06: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Integridade e confiabilidade dos ativos;
- PL05-5060-08: Gestão de segurança de processo baseada em riscos – Gestão de mudanças.
Elaborado por: Everton Salomé
Referência LTI: PL05-5060-007_0
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