Afinal, o que é um projeto? Segundo o PMI (Project Management Institute), “projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”.
E o que é decepção? Segundo o dicionário Michaelis, decepção pode ser definida como “frustração quando o que se esperava não ocorre ou quando ocorre o que não se esperava”.
E como as palavras projetos e decepção se juntam?
– 70% dos projetos não alcançam os resultados esperados.
Esse é um número alarmante, pois mostra que muitas empresas (sem falar em projetos do setor público) estão investindo mal os seus recursos. O que leva à essa grande taxa de insucesso é a junção de muitos fatores, desde problemas na definição do escopo, planejamento inadequado, falhas na comunicação, etc.. Mas o objetivo desse post não é tratar cada um dos pontos que podem levar um projeto ao fracasso. O objetivo é mostrar que algo simples não está sendo observado: a qualidade de um projeto é o resultado direto do compromisso entre três importantes variáveis, que são o escopo, o tempo (prazo) e o custo (orçamento); essas variáveis formam a denominada tripla restrição, conceito comum em gerenciamento de projetos.
Temos observado, com frequência cada vez maior, projetos que têm como requisito prazos e custos que não são compatíveis com o seu escopo. A pressão pela execução de projetos em prazos muito apertados (muitas vezes irreais) acabam impondo às companhias o efeito contrário: o prazo final é muito maior do que o que seria necessário em “condições normais de prazo para execução”; a ânsia para finalizar projetos “num estalar de dedos” têm sido uma das principais causas de insucesso em projetos industriais. Quer um exemplo?
No início dos anos 2010, a Airbus anunciou o projeto de um novo avião, que além de tecnológico e seguro, ele seria um avião de alto rendimento; esse seria o A320neo. O anúncio dessa nova geração de aeronaves não incomodou sua principal concorrente, a gigante Boeing.
Após algum tempo, a Boeing se viu pressionada, pelo mercado consumidor, a oferecer uma nova classe de aeronaves que pudesse competir com a sua gigante rival. E o que a Boeing fez? Iniciou um projeto com prazos muito agressivos – bom, como citamos anteriormente, isso é comum e normal, certo?
E o Boeing 737 Max nasceu. Ele nasceu rápido e cheio de problemas. Após dois acidentes com o 737 Max 8, que resultaram em 346 mortes, todas as aeronaves desse modelo, ao redor do mundo, precisaram sair de operação até que os seus problemas de projeto fossem analisados e resolvidos. Apenas como curiosidade, o Airbus A320neo não registrou nenhum acidente fatal.
Cara leitora / caro leitor, ficou claro que projetos com prazos irreais, custos apertados ou escopo mal definido podem resultar em grandes perdas financeiras (além dos riscos às pessoas, ao meio ambiente e à imagem da empresa)?
Muitos times de projeto acreditam que aplicar as mais modernas ferramentas de gestão de projeto (e pressão extra sobre o time de projeto e seus fornecedores) podem garantir o sucesso de projetos, mas não, elas não podem se as definições do projeto partirem de premissas inadequadas.
Você já ouviu falar em sunk cost ou em sunk cost fallacy? Semana que vem falaremos sobre isso e como os projetos são afetados (mais uma dose de “Projetos e decepções”).