Dados mostram que a reciclagem de plástico pós-consumo é da ordem de 23% no Brasil, um número baixo, dado o fato de, há anos, as empresas e escolas estarem nos ensinando a importância de separar os resíduos e destiná-los à reciclagem. Além disso, muitas cidades disponibilizam serviços de coleta seletiva; dados de 2022 mostraram que 25% dos munícipios brasileiros não ofereciam esse serviço.
Ao comparar o índice de oferta de serviços com o índice de reciclagem de plástico, podemos considerar que os hábitos da população impactam negativamente nos índices de reciclagem?
É fato que a segregação de materiais, a reutilização e a reciclagem são fundamentais, mas, independentemente, dos índices e das necessidades, o objetivo desse post é apresentar um assunto polêmico, que surgiu há algum tempo e voltou à cena recentemente: “Estamos sendo enganados sobre a reciclagem de plástico?”
Um relatório emitido pelo Centro de Integridade Climática (CCI), aponta que grandes empresas do setor de óleo e gás e de resinas plásticas sabem, há décadas, que a reciclagem de plástico não tem viabilidade técnica e econômica. Esse é um fato grave, já que essas mesmas empresas promovem a conscientização, a necessidade e os benefícios da reciclagem desse material.
A degradação que o plástico sofre ao ser reciclado é uma das dificuldades técnicas encontradas. Inclusive, uma importante empresa declarou, em 1989, que “a reciclagem não pode continuar indefinidamente e não resolve o problema dos resíduos sólidos”.
O impacto ambiental causado pelo plástico, ao redor do mundo, é imenso. O descarte de plásticos em aterros sanitários e nos oceanos podem desencadear um impacto secundário, duradouro e com consequências ambientais catastróficas, que são os microplásticos. Como mostramos em uma publicação de setembro de 2022, até mesmo a lavagem de roupas que utilizam fibras sintéticas em sua composição contamina os oceanos com microplásticos. E esses microplásticos estão nos corpos dos animais marinhos e em nossos corpos. Os microplásticos estão até no ar que respiramos e ainda não sabemos quais serão os impactos em nossa saúde, mas pesquisadores dizem que precisamos nos preocupar com as consequências.
Com tantos efeitos negativos potenciais, é preciso lançar alguns questionamentos, tais como: a) precisamos entender melhor a cadeia do plástico? b) precisamos buscar novos produtos, para substituir os plásticos? c) precisamos buscar novas rotas para reutilização e reciclagem? d) agora, a pergunta mais delicada; é preciso responsabilizar as empresas envolvidas, se essas emitiram informações falsas sobre o plástico e sua reciclagem? e) e, finalmente, a pergunta mais importante: o que eu e você podemos fazer para termos um consumo (desde a compra até a reutilização / descarte) mais responsável de plásticos?